quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Carnaval

.

Dura por uns dias
Ou leva uma vida inteira?
Renasce das cinzas
Ou acaba quarta-feira?

.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Meu velho Pai

Esses dias meu pai fez 54 anos. Um jovem. Uma aparência física conservada, com os cabelos brancos no bigode entregando os anos escondidos no sorriso.

Meu pai passou por muita coisa. Acumulou, esqueceu, plantou e colheu muito. Uma criança sem mãe, um adolescente sem pai, uma vida desbravada na raça e na coragem. Com caminhos tortuosos, seja pelas ruas da velha Vila Boa, nossa cidade natal, seja pelas estradas de uma luta incessante para manter a vida, e para torna-la abundante, para ele e para muitos.

O velho não se apoderou da academia (ainda) mas desenvolveu capacidades lutando por justiça, direitos e pão.Pão suado e força dobrada, sempre meu pai labutou, e assim continua, sem deixar escapar a utopia, que anda sendo esquecida por muitos, mas não por ele.

Bebendo dos seus livros e discos eu vou me formando, me construindo. Bebendo da sua história, prossigo, caminho com dignidade e amor.

O velho não deixa de sonhar, e o sorriso entrega também essa esperança, esse fervor de quem quer ver a roça plantada, o socialismo em flor, a canção entoada carregada de amor.

Neto (filho)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

.






'É a escada do seu velho sonho que vai dar onde sempre começou. É a chave do maior poder que não vale um chiclete que alguém mascou, mascou' Raul.

.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Advento e Epifania

Já falei sobre chuva, sobre ganhos e perdas, amor, sentido... Tudo isso mergulha em dezembro, mo meu dezembro.

Quando era criança, esperava dezembro como quem espera o presente de aniversário, aliás, meu aniversário é em dezembro. Mas, mais que presente, eu queria dezembro, pelas férias, pra brincar mais na rua, pra misturar sol e chuva a tarde toda.

O fim do ano é o começo pra mim, da minha vida, dos meus recomeços. É o alívio que se mistura com a esperança. As perspectivas são muitas, não é exatamente um fim, é mais um período, que tem seu clima, sua forma, seu gosto. É o advento e a epifania

Eu vou envelhecendo, determinados parâmetros vão mudando. Fica o sentimento de que devo cumprir tarefas, assumir responsabilidades, encontrar caminhos e fazer acontecer, mas tem também o perigo da burocratização da vida, do fosso da mediocridade, da cegueira. Não posso me desprender do rock, do semba, do sono, da noite, do desenho, da bola. Inevitável crescer, possível evoluir, sem que para isso eu abandone o garoto que espera dezembro para brincar com o tempo.

Se dezembro me aconchega, me emociona, e faz de mim o Neto, eu faço de dezembro o gesto, a música e o José, corpo e alma.

Quando eu era criança, era hoje, e amanhã.

Neto (22/12)