sábado, 16 de maio de 2015


Com a altura da idade a casa se acrescenta. 
Não é que aumente a quantidade ao espaço. 
Mas, sendo mais longínquos, o desapego pensa 
maior distância quando se fica a olhá-lo. 
Ou, se quiserem, uma realeza 
se instala à volta dessa altura de anos, 
de forma a que os objectos apareçam 
na luz de quase já nem os amarmos. 
Então a casa distende-se na intensa 
inteligência de estarmos 
a ver as coisas amarem-se a si mesmas. 
Ou com a forma a difundir seu espaço. 


Echevarría

terça-feira, 5 de maio de 2015

Vascão Campeão - O Título veio pelo rádio

O Campeonato Carioca não serve de parâmetro para o resto da temporada do futebol no Brasil, e nenhum outro estadual também. Mas existe a rivalidade local, que no Rio - assim como São Paulo e outros estados - é forte pela história e grandeza dos principais clubes. Daí a emoção de ganhar o estadual, de contabilizar títulos e marcas locais.

Este Carioca 2015 trouxe ao Vasco outra vez o gosto de ser campeão. E depois de 12 anos de fila, recheada de erros de arbitragem, como na final do ano passado.

Mas o fim do jejum para mim teve um tom dramático, e inesquecível: assisti o primeiro tempo de Vasco x Botafogo na casa dos pais, em Itaberaí. 1 a 0 pro Vascão - gol de Rafael Silva. Por causa de um compromisso inadiável, tive que vir para Goiás, e saí no começo do segundo tempo. Vim de carona com um casal e sua filhinha (só eu de vascaíno). No carro fomos ouvindo pelo rádio os jogos transmitidos.

Até que achamos o jogo do Vasco, numa emissora que nem sei e com qualidade péssima. No começo estava tudo bem, pois tínhamos boa vantagem. De vez em quando a emissora saía do ar e então mudávamos para o jogo entre Goiás e Aparecidense pelo Goianão. Numa dessas o Botafogo empatou, e quando voltamos ao jogo do Rio o clima estava diferente (outro gol alvinegro levaria para os pênaltis), me preocupei e comecei a demostrar aquele nervosismo de torcedor apaixonado. A garotinha de um ano e pouco - Valentina - se divertia com minhas reações, e ria muito, sem saber o que estava se passando. Esta tensão, agravada pela péssima frequência do rádio que não me deixava entender direito o que acontecia na partida, durou até chegarmos dentro da cidade de Goiás, já perto da minha casa.

Aos 47 minutos da etapa final, o rádio saiu do ar por um instante, e voltou com um sonoro grito de gol, bem assim: GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL... Mas, de quem?
O locutor esbanjou a voz no grito derradeiro, mas dentro do carro o silêncio era unânime. O motorista, Danilo, parou o carro, eu abaixei a cabeça, a Valentina ficou quietinha, e foram segundos longos como o grito que ouvíamos...

Aí a voz disse: DO VASCOOOOOOOOO.

Gilberto fechou a conta e selou o título. Alegria total!! Sai do carro correndo, gritando e comemorando o título cruzmaltino!! Que loucura passar por isso, que felicidade depois do gol!!

Essa eu não esquecerei. E tomara que o Vasco não esqueça mais o caminho dos títulos





domingo, 3 de maio de 2015

Tomás é semente plantada
Hoje ressuscitada
Na luta, no pão
Tomás é canção ecoada
Por filhos da terra
No ventre do chão.