segunda-feira, 25 de abril de 2011

CANÇÃO DA FOICE E DO FEIXE

Com um calo por anel
monsenhor cortava arroz.
Monsenhor "martelo
e foice?"
Me chamarão subversivo.
E lhes direi: eu o sou.
Por meu povo em luta, vivo.
Com meu Povo em marcha vou.
Tenho fé de guerrilheiro
e amor de revolução.
E entre Evangelho e canção
sofro e digo o que quero.
Se escandalizo primeiro,
queimei o próprio coração
ao fogo desta Paixão,
cruz de seu mesmo Madeiro.
Incito à subversão
contra o Poder e o Dinheiro.
Quero subverter a Lei
que perverte ao Povo em grei
e ao Governo em carniceiro.
(Meu Pastor
se faz Cordeiro

Servidor se fez meu Rei.)
Creio na Internacional
das frontes alevantadas
da voz de igual a igual
e das mãos enlaçadas...
E chamo a Ordem de mal
e ao Progresso de mentira.
Tenho menos paz que ira.
Tenho mais amor que paz.
...Creio na foice e no feixe
destas espigas caídas:
Creio nesta foice que avança
uma Morte em tantas vidas!
- sob este sol sem disfarce
e na comum Esperança -
tão encurvada e tenaz!

Pedro Casaldáliga

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Saudações a quem tem coragem

Já não basta ver, saber, sentir tanta gente que morre inocentemente pelas mãos de policiais - jagunços fardados - ainda temos que conviver com ameaças proferidas a defensores da vida e da justiça.
Três companheiros vêm sofrendo ameaças por denúnciar, junto de outros, as práticas assassinas do poder repressor do Estado, que pratíca o extermínio de quem, de diversas formas, incomoda o capital, o poder dominante.

Pe Geraldo Labarrère, Dep. Mauro Rubem e Fabio Fazzion se juntam a tantos outros que sofreram ou sofrem pela causa do menor, do excluído.

Tantos morrem sem nome, sem rosto. Antes trabalhadores rurais, hoje jovens de rua. Tantos caíram, em martírio, estes com nomes cravados na história: Jesus, Zumbí, Conselheiro, Guevara, Nativo, Josimo, Margarida, Raimundo, Tião Rosa, Dorothy...

Antes os fazendeiros mandavam seus jagunços 'fazerem o serviço', hoje os fazendeiros tem representantes no congresso, no palácio, no tribunal, que mandam os jagunços fardados exterminarem quem atravessa o caminho. Que segurança pública é essa? Que respeito eles têm a Constiuição e aos Direitos Humanos?

Na angústia que se mistura a esperança, me resta saudar os que foram e os que estão vivos (especialmente os três acima citados) que encaram o poder destruídor, e dizer: somos companheiros, estamos juntos na luta, e juntos venceremos!

José Gomes Neto, militante.