quarta-feira, 25 de maio de 2016

Um relicário de frases sem nenhuma cor

Entre todas as histórias e sentimentos, existe uma que me acompanha há quase uma década, tendo como cenário a Vila boa de Goiás. Eu sempre quis estar perto, fazer parte e ser parte. E aos poucos fui chegando, do meu jeito.

Muitas coisas em comum, muitos sonhos, muitas risadas. Aquelas músicas, aquele time. Aniversário. Férias. Semana Santa. FICA. Novembro. Dezembro. Feriado que fosse, lá estava eu, la estava ela. E fomos construindo uma carinhosa e intensa amizade. A juventude permite.

Mas eu fui chegando, e por caminhos que se encontraram com outros caminhos. Teve paixão que cruzou. Teve namoro que atravessou. Muitas histórias e sentimentos. Isso tudo faz a gente crescer, amadurecer, seguir um rumo e ficar mais duro, perdendo um pouco daquilo que a juventude  emergiu. As cicatrizes ficam.

Cheguei o mais perto que pude, mas quanto mais perto, mais distante. Numa relação em que cada um se fechou com os seus – problemas, amores, sonhos, estilos. E uma sensação estranha ficou pairando como neblina densa. Não nos permite ver, se aproximar, e se curtir.

Soube de algo: um bilhete guardado, um choro, uma conversa. Fatos que indicariam uma chama ainda acesa, uma alegria resistente esquentando aquela relação. Mas os dias trataram de me esfriar.

Dói estar assim com quem se queria viver na cumplicidade e na felicidade. Eu sei das minhas coisas. Sei muito bem que os caminhos que escolhi deram o tom para esta situação. Sei das coisas delas – um pouco – e sei que os passos dados a fizeram um pouco diferente. Sei sobretudo que ela se viu surpresa e desentendida com meus atos. Meus atos não foram maus, não foram errados, mas desequilibraram aquela história.


E hoje, quando eu sei que ficarei longe, pelas nossas partidas, duas sensações me interrogam, adversas: ela ficará mais perto, estando eu distante, e retomaremos aquele tempo? Ou é este o rompimento, tácito e definitivo, de algo que já se esmaeceu? Meu triste pensamento apenas alfineta: ela não pensa nisso.

“O que você está fazendo? Porque está fazendo assim?”

.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Nossa semeadura

O amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela noite escura

(...)

Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão

Gil