segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Emicida e O Samba do Fim do Mundo

'Nova Tropicália, velha ditadura
Nossa represália, fuga da vida dura
Ação necessária por nossa bandeira
Que isso é a reforma agrária da música brasileira


Quantas noites cortei
É importante dizer
Que é preciso amar, é preciso lutar
E resistir até morrer
Quanta dor cabe num peito
Ou numa vida só
É preciso não ter medo
É preciso ser maior'


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Romero, Martir

Há décadas atrás a Sé Católica questionava Pedro Casaldáliga - dentre outras coisas - sobre alçar dom Romero a categoria de Mártir. Agora, em 2015, o Vaticano reconhece oficialmente o bispo salvadorenho, morto em 24 de março de 1980 pelos esquadrões da morte orientados pelo capital, como Mártir da igreja. Alguns companheiros da CPT já demonstram certo receio de que esta "institucionalização" possa descaracterizar a história de Romero. Eu acredito que estes 35 anos consolidaram a memória deste homem, que se converteu à luta dos pobres da América Latina, e é referencia no serviço pastoral, no testemunho de fé e na ação contundente em favor da justiça.

Romero já era considerado mártir pelo povo católico da America Latina desde 80, logo após sua morte. A ala progressista do catolicismo se encarregou de levantar a bandeira de Romero, e em todo continente seu martírio foi aceito. Aí a atuação de dom Pedro Casaldáliga foi importante. Em São Félix a espiritualidade do martírio ganhou corpo e Romero se tornou figura central, junto dos padres, freiras e camponeses mortos nos conflitos diversos. Este novo martírio, dos tempos atuais, incomodou a Igreja oficial, que é avessa a manifestações populares paralelas a doutrina da instituição. Mas assim como outras tantas expressões religiosas incorporadas, a Igreja reconhece - pelos tramites legais - o martírio militante de Romero, em favor não apenas da própria igreja, mas do mundo, das pessoas do mundo. É um exercício fiel a Cristo.

Mártires católicos são pessoas que morreram ao professar e trabalhar pela fé cristã, em lugares de conflitos religiosos. No princípio do catolicismo, os cristãos eram muito perseguidos, e muitos morreram defendendo o novo caminho. Depois, os conflitos foram ao resto do mundo, onde a Igreja ainda era minoria. Ja nos anos 70 e 80, o catolicismo era hegemônico, a religião cristã 'dominava' o mundo ocidental. A Igreja era aliada dos impérios modernos, das ditaduras civis-militares financiadas pelos EUA. Romero e outros mártires latinos não interessavam.

Hoje porém. sob o comando do argentino Francisco, o Vaticano muda sua postura em relação a Romero, e abre caminho para novo fortalecimento da espiritualidade do martírio popular e militante das causas dos pobres.

Romero das Américas, PRESENTE!