quarta-feira, 12 de abril de 2017

Tekoá - somos o que somos

Em nossa aldeia não há mais o que esconder. Não há mais disfarce, A cortina se rasgou na tarde quente e sombria, e tudo que agonizava quietamente explodiu em dor, em grito. A dor e o grito consequentes um do doutro, foram trovões que calaram fundo a todos nós. Nós que disfarçamos o que todos sabem. E todos os que sabem também ocultam aquilo que nós conhecemos. É uma grande farsa. Se ao menos não se pautassem na construção de estórias adulteradas para equilibrar suas escolhas comodas...
Mas agora não há mais mácula, A fumaça dos dedos apontados trocou fogo com o vento seco das revelações. O que era sustentáculo das aparências não passa de ruínas. Pois agora somos o que somos.
O que negamos, o que evidenciamos, o que queremos, o que fazemos. Quando podemos, oquanto podemos... Está nú...
Somos o que somos!
Mesmo que amargue, é assim que deve ser. Para ser tribo, para ser comunidade, para ser família, há que ser o que se é, e carregar consigo o pouco que isso representa, pois só assim se consegue juntar os poucos de cada um para ser a grandeza coletiva. O muito que não se é e que se carrega, pesa demais para sermos mais que só um.