quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Dom Arns: a esperança não morre

Muito além da religião, a fé  
Mais que um bispo, o irmão
Palavras de coragem profética
Em voz suave, que a ditadura não calou
Ação pastoral concreta
Nas periferias da metrópole desigual
Defesa intransigente dos Direitos Humanos
Brasileiros, Latinoamericanos
Entre opressões violentas no corpo e na alma
Desistir jamais! Com Deus e o povo, esses dois que são um só.

De esperança em esperança
Viveu dom Paulo Evaristo Arns

Que agora é eterno



segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A fé em Antonio

Pode parecer fora do tempo, mas não é. Ainda é tempo. Ainda é possível. Acreditarei sempre.

"Nas tuas pegadas claras
trilho o meu destino"





"A luz desceu do céu, clareando o encanto"

terça-feira, 29 de novembro de 2016

NASCEU FIDEL


Uma notícia estampa os jornais Morreu Fidel Castro Aquele que fechou as portas De um antigo cabaré americano E no lugar plantou escolas, moradia, Saúde, esporte e desafios. Comunista e ditador Dizem os jornais em manchetes Choram aqueles que o amaram. Seus inimigos cantam e dançam Em sorrisos escancarados. No entanto, portanto, todavia.. Das cinzas do homem morto Das lembranças da história em disputa Nasce a lenda viva, um novo Fidel Ainda criança, já trama e prepara, Novas revoluções... Mas a memória disputada Já não anda só por si É reconstruída e reeducada Por perguntas de professores Por olhos infantis Por andares femininos Por braços de lavrador... Nas mentes que caminham Compondo novas esperanças Aos sons de tambores No alvorecer de novas manhas. Nasceu Fidel e caminhará Por novas Sierras Maestras Escoltado por Guevara Para o pesadelo constante Dos senhores da morte.
Alberto Gomes de Oliveira - Bacurau
RJ , 29-11-2016






quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A liberdade do povo é a liberdade da terra

Justiça e Liberdade!
(mensagem do Valdir, liderança do MST, escrita em 15/10/ 2016, no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, onde está preso).
“Liberdade! Liberdade!
abre as asas sobre nós
das lutas, na tempestade
dá que ouçamos tua foz!”.
(Dudu Nobre)
Companheiras e companheiros, camaradas militantes sociais das Organizações e Movimentos Sociais, que neste dia, mais uma vez, com seus corpos, suas histórias e suas vozes lutam e gritam por Justiça e por Liberdade. Sintam-se todas e todos abraçados.
Sabemos que a Liberdade e a Justiça formam uma unidade dialética inseparável. Para nós militantes sociais devem ser, e de fatos são, mais que palavras, são valores e práticas cotidianas na construção da nova sociedade. Podemos afirmar que é nossa razão de viver.
A Justiça que acreditamos e estamos construindo no nosso cotidiano não encontramos nas Leis e nos Tribunais deste Estado burguês.
A nossa, a verdadeira Justiça está e será resultado da construção social, das lutas, da organização das classes trabalhadoras por condição e/ou por opção. Portanto, não será dádiva de ninguém, mas uma conquista coletiva, resultado das lutas de classes.
Enquanto houver desigualdade econômica e de gênero não haverá Justiça em sua plenitude. Portanto, precisamos seguir lutando.
Liberdade! Ah liberdade! Busco nos poetas as suas contribuições para refletir sobre liberdade:
- “liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda” (Cecília Meirelles).
- “a liberdade não tem preço, não tem dono, só quem é livre sente o prazer em cantar” (Antônio Gringo).
Liberdade não se explica, liberdade se pratica. Liberdade se vive!
Queridos amigos e amigas militantes, talvez nem todos e todas vocês façam ideia da minha vontade de estar fisicamente presente aí com vocês, gritando e lutando por Justiça e Liberdade.
Aqui onde estou, no Núcleo de Custódia de Segurança Máxima, em Aparecida de Goiânia, só se escuta as pancadas, barulho das grades, os gritos de injustiças e de morte. Portanto, gritem vocês por Justiça e Liberdade!
Camaradas, se as forças da injustiça e da morte pensam que nos prendendo vão prender nossas causas, estão totalmente enganados, pois as nossas causas são tão grandes que não cabem no sistema prisional.
Portanto,
Viva a Liberdade!
Viva a Justiça!
Viva as militantes e os militantes sociais!
Abraços e até breve,
Valdir Misnerovicz

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Golpe não deterá

Sentinela, em que ponto está a noite?

Sentinela, em que ponto está a noite?

                                                            - A luz surgirá das trevas, e esta noite resplandecerá com o dia.



quinta-feira, 25 de agosto de 2016

terça-feira, 19 de julho de 2016

o meu coração latino

''Ah, o meu lindo continente
Que fez do sangue a semente
Para ver o sol nascer.

...

Ah, quanta luta na fronteira,

Tanta dor na cordilheira
Que o condor não voou.
Ah, dança e terra guaranis,
De uma raça tão feliz
Que o homem dizimou.
Ah, vou nos passos de um menino,
No meu coração latino
A esperança tem lugar.
Ah, quando bate a saudade,
Abre as asas liberdade
Que não paro de cantar.''

Guaranis (Gildásio Mendes)


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sexta-feira, 10 de junho de 2016

O coração cheio de nomes

Num dos vários escritos de Pedro Casaldáliga, uma passagem me prendeu desde a primeira leitura. Na verdade é um versículo, em poucas palavras, contido no livro “Testemunhas do Reino” que assim diz:

Ao final do caminho me dirão: - E tu, viveste? Amaste? E eu, sem dizer nada, abrirei o coração cheio de nomes

Dentre tantas reflexões, inspirações, profecias e ensinamentos que dom Pedro Casaldáliga nos oferece com amor de irmão, e que incide sobre nossas vidas, nossas missões, nossa luta, esta me apareceu como assinatura de uma vida. Não é uma previsão, é a constatação de que esta vida está unida a tantas outras, e tudo que foi feito até agora em comunhão com quem se ama, vale a pena, é o amor.

Também vejo aí não a serenidade daquele que teve certeza do que fez, mas a vivacidade de quem sebe o que tem que fazer, a coerência do caminhante fiel. Tudo pode mudar, o futuro é incerto, mas o amor, a luta e a necessidade de amar e lutar em coletivo, de mãos dadas, essa é uma certeza.

Tropecei muito já, e tropeçarei. Tenho muito que fazer, e sei que, assim como Pedro, só serei vivente com outras vidas junto da minha, entrelaçadas. Meu coração, que um dia abrirei, tem sim muitos nomes, muitos testemunhos que certificarão uma coisa: sempre vale a pena.

Neto, descalço sobre as pedras.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Os perseguidos por causa da justiça

Poema sem nome, e nem precisa:

"
"Organização criminosa ..."
Como em Zumbi dos Palmares
Conselheiro de Canudos ...
Cabanos do Grão Pará ...
Teixeira das Ligas ...
Margarida dos STRs ,,,
"Organização criminosa ..."
Como em Paraic Pearce do GPO
... Jomo Kenyatta do Mau-Mau ...
... Ho-Chi-Min do Viet-Cong ...
... Fidel da Sierra Maestra ...
... Malcolm X dos Black Panthers ...
"Organização criminosa ..."
Se é assim - e em tão boa companhia!
ser taxado, ser taxada de criminoso, criminosa
é de bom tomanho e de boa medida
na partilha do pão distribuído, fruto do trabalho
na solidariedade do peixe, resultado da labuta
                                                                        "
Tiago Thorlby

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Um relicário de frases sem nenhuma cor

Entre todas as histórias e sentimentos, existe uma que me acompanha há quase uma década, tendo como cenário a Vila boa de Goiás. Eu sempre quis estar perto, fazer parte e ser parte. E aos poucos fui chegando, do meu jeito.

Muitas coisas em comum, muitos sonhos, muitas risadas. Aquelas músicas, aquele time. Aniversário. Férias. Semana Santa. FICA. Novembro. Dezembro. Feriado que fosse, lá estava eu, la estava ela. E fomos construindo uma carinhosa e intensa amizade. A juventude permite.

Mas eu fui chegando, e por caminhos que se encontraram com outros caminhos. Teve paixão que cruzou. Teve namoro que atravessou. Muitas histórias e sentimentos. Isso tudo faz a gente crescer, amadurecer, seguir um rumo e ficar mais duro, perdendo um pouco daquilo que a juventude  emergiu. As cicatrizes ficam.

Cheguei o mais perto que pude, mas quanto mais perto, mais distante. Numa relação em que cada um se fechou com os seus – problemas, amores, sonhos, estilos. E uma sensação estranha ficou pairando como neblina densa. Não nos permite ver, se aproximar, e se curtir.

Soube de algo: um bilhete guardado, um choro, uma conversa. Fatos que indicariam uma chama ainda acesa, uma alegria resistente esquentando aquela relação. Mas os dias trataram de me esfriar.

Dói estar assim com quem se queria viver na cumplicidade e na felicidade. Eu sei das minhas coisas. Sei muito bem que os caminhos que escolhi deram o tom para esta situação. Sei das coisas delas – um pouco – e sei que os passos dados a fizeram um pouco diferente. Sei sobretudo que ela se viu surpresa e desentendida com meus atos. Meus atos não foram maus, não foram errados, mas desequilibraram aquela história.


E hoje, quando eu sei que ficarei longe, pelas nossas partidas, duas sensações me interrogam, adversas: ela ficará mais perto, estando eu distante, e retomaremos aquele tempo? Ou é este o rompimento, tácito e definitivo, de algo que já se esmaeceu? Meu triste pensamento apenas alfineta: ela não pensa nisso.

“O que você está fazendo? Porque está fazendo assim?”

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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Nossa semeadura

O amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela noite escura

(...)

Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão

Gil


terça-feira, 19 de abril de 2016

LAS BATALLAS DE ESTA GUERRA

Pedro Casaldaliga

Hay quien declaro la guerra
y nunca entro en la batalla.
Hay quien entro en la batalla
y no se dio cuenta que es una guerra.

La trinchera, hermano mio,
es tan ancha como el mundo:
va del patio de tu casa
hasta el trono del imperio;
arranca en tu corazon
y va al corazon de todos.

El clarin del gallo canta,
la noche pliega sus tiendas.
(cierra los sueños, hermano;
abre los ojos y el libro).

Esta guerra no se acaba;
las batallas de esta guerra
recomiezan a cada dia.





quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016


'A vida não é só isso que se vê, 
é um pouco mais, 
que os olhos não conseguem compreeender...'

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sejamos todos poetas

EU QUERO DUAS RIMAS

Eu quero duas rimas para liberdade.
Nem cidade nem saudade,
nem faculdade nem eternidade.
Eu quero duas rimas para liberdade
para escrever um poema
que fale da fome de um operário,
que fale da angústia de um camponês.
Achei as duas rimas para liberdade!
Luta e União.

Amigos!
Sejamos todos poetas!
Utilizemos as rimas!
E escrevamos todos juntos.
de uma vez,
o poema da liberdade
que acabe com a fome de um operário,
que acabe com a angústia de um camponês.

Mário Lago