terça-feira, 21 de outubro de 2014

As línguas e os dialetos são construção coletiva

Do Monzar Benedito
Nheengatu e língua geral paulista
Os jesuítas queriam catequizar os povos indígenas e perceberam que quase todos os povos da faixa litorânea falavam dialetos de uma mesma língua, mas não tinham escrita, era uma língua exclusivamente oral. .
Resolveram então “unificar” esses dialetos e criar uma escrita para eles. Em São Paulo, chamaram de “língua geral paulista” e no norte “nheengatu”, que significa língua boa ou falar bem. Mas são línguas bem parecidas e costuma-se usar nheengatu também para o que se falava em São Paulo.
Em São Paulo e sua área de expansão só se falava a língua geral paulista. Depois da guerra em que os exércitos de Portugal e Espanha se uniram para combater os Guarani, apoiados pelos jesuítas, o Marquês de Pombal resolveu expulsar os jesuítas do Brasil e determinou que só se falasse português aqui. Isso foi em 1758. Mas não se muda de língua de um dia para o outro. As escolas passaram a usar só a língua portuguesa e todos os documentos tinham que ser escritos em português.
Demorou muito para assimilar o português, e muitos dos brasileiros do atual Sudeste preservaram o modo de falar nheengatu. No tupi não existe, por exemplo, a pronúncia L nem LH, que acabam virando R na pronúncia caipira (esse pessoal que resistiu ao “sotaque” português). Então, trabalho vira trabaio, por exemplo. Mulher é muié. E no tupi/nheengatu não existe R no final dos verbos, e isso foi mantido no “dialeto caipira”. Falamos fazê, trabaiá, coçá, brincá…
Mas não é só isso. Existem mais diferenças de pronúncia, presentes no nosso linguajar. Vale a pena estudar um pouco disso. 

sábado, 4 de outubro de 2014

Digo adeus à ilusão 
mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino. 

       Do salário injusto,
       da punição injusta,
       da humilhação, da tortura,
       do horror, 
retiramos algo e com ele construímos um artefato

um poema 
uma bandeira

Ferreira Gullar