quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Consolo


Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

Drummond

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domingo, 22 de dezembro de 2013

Acabo de receber a visita do Mateus e da Isabela. São meus amigos de muito tempo. Mateus e eu passamos por bons bocados nessa adolescência/juventude. Ele não faz média, é sincero e direto nas coisas, um pouco diferente de mim, claro (não que eu não seja sincero), Mateus e eu somos amigos por fatores que não sabemos ao certo... o gosto musical, as descobertas da vida, as conversas e bebidas na madrugada, os anseios e alegrias... tudo isso certamente nos coloca lado a lado nessa caminhada, mas tem mais, tem uma verdade que sempre superou qualquer eventual desavença ou distância, tem a irmandade, camaradagem, cumplicidade como nunca vi. Mateus está presente comigo, porque minha vida até hoje contou com sua valorosa contribuição. Eu hoje recebi dele um álbum de fotos, com passagens nossas, marcantes e inspiradoras Cantar na praça, em casa, no palco, beber umas e outras, conhecer ou redescobrir lugares, falar das mulheres, dos amigos, das vontades e sonhos... planejar e desejar uma construção coletiva desses sonhos. Assim Mateus me motiva, e me faz sentir bem!.

Meu irmão Mateus, vamos juntos!

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sábado, 21 de dezembro de 2013

Envelhando

Parei pra escrever sobre meu aniversário. Mas não vou fazer isso. Parece mecânico vir aqui e escrever sobre datas e momentos históricos. Aliás, eu sempre gostei de lembrar e comentar momentos históricos e datas relevantes, mesmo aquelas em que a relevância é particular, como meu aniversário.

Na verdade não queria falar do aniversário porque não gosto dele. É um dia estranho pra mim. O aniversário dos outros é bom, a gente vai à festa, dá presentes, come um bocado, se diverte e faz piadas do tipo "as velinhas não vão caber no bolo" ou "parabéns, espero que você fique mais velho a cada ano..."  e bobagens conexas; ou, se não tem festa, manda recado, liga, aproveita pra falar da vida... Mas o meu aniversário não, não é algo assim divertido. A única coisa bacana é ficar junto dos meus pais. Por isso não vou falar do meu aniversário, nem fazer balanço desses anos todos, em que muita coisa aconteceu, mudanças, voltas, caminhos diversos, que pra mim são grandes coisas, mas que para a vida são pequenas ainda. Esse ano, onde comecei novos projetos profissionais, mantive outros, comecei outro curso universitário, emagreci um pouco, não devo rememorar.

Este dia é apenas a continuação da história, mesmo que eu não escreva, comente ou rememore, ele está aí, e acaba rendendo uns abraços, presentes e sorrisos, que servem muito para continuar a caminho.

Neto, 20etantos...


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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Pedaço de terra (em 'Libelo')


'De que mais precisa um homem senão de um pedaço de terra - um pedaço bem verde de terra - e uma casa, não grande, branquinha, com uma horta e um modesto pomar; e um jardim - que um jardim é importante - carregado de flor de cheirar? 

E enquanto morando, enquanto esperando, de que mais precisa um homem senão de suas mãos pra mexer na terra e arranhar uns acordes no violão quando a noite se faz de luar, e uma garrafa de uísque pra puxar mistério, que casa sem mistério não vale morar... 


      - Mas a terra foi escravizada, e é preciso por ela lutar! '



Vinicius de Moraes


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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ao mestre e 'pai véi'

Vai não,
A gente ainda tem muito o que conversar
Há batalhas para vencer
E estrada pra caminhar

Vai não,

Sua primavera é longa
Ainda não entardeceu
E temos uma colheita para fazer

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Me dê a sua mão 
E vamos caminhar
leve, leve como o vento 
Leva
Imensidão de você
Eu vou ver além
do que se vê.




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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Goiás
'Pra se entender tem que se achar que a vida não é só isso que se vê, é um pouco mais...'




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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O que dizer?

Minha cabeça diz:
Sem recortes dessa vez!
Quero gritar o que está dentro
Onde está a lucidez?

O que dizer ao mundo?
Talvez não tenho nada
Que o satisfaça
Nesse grito lá do fundo

Na verdade lucidez
Não se encontra por aqui
Não se enxerga na fumaça
No calvário da desgraça

Esse canto embriagado
Avesso à realidade
Não tem nada de verdade
A não ser sua essência
De não se livrar da demencia
Nos porões dessa cidade

Minha cabeça diz:
O mundo te ouviu

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O que gritar?

 
A minha dor está na rua
Ainda crua
Em ato um tanto beato mas,
Calar a boca nunca mais
 
O povo novo quer muito mais
do que desfile pela paz
 
Olha Menina
O que grita?
 
 
 
POVO NOVO - TOM ZÉ

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O descompasso, o desperdício

'Tua tristeza é tão exata, e hoje o dia é tão bonito
[...]
Disseste que se tua voz tivesse força igual a imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a sua casa, mas a vizinhança inteira
[...]
Há tempos, são os jovens que adoecem, e há tempos o encanto está ausente'






quarta-feira, 8 de maio de 2013

Por causa da tua palavra...



"(...)
O discípulo não é maior do que o Mestre. Se perseguirem a mim, hão de perseguir vocês também”. Tenho que assumir. Agora estou empenhado na luta pela causa dos pobres lavradores indefesos, povo oprimido nas garras dos latifúndios. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem lutará a seu favor? Eu pelo menos nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos e nem riqueza sequer, ninguém chorará por mim. Só tenho pena de uma pessoa: de minha mãe, que só tem a mim e mais ninguém por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês ficam aí e cuidarão dela. Nem o medo me detém. É hora de assumir. Morro por uma justa causa. Agora quero que vocês entendam o seguinte: tudo isso que está acontecendo é uma conseqüência lógica resultante do meu trabalho na luta e defesa pelos pobres, em prol do Evangelho que me levou a assumir até as últimas conseqüências.
A minha vida nada vale em vista da morte de tantos pais lavradores assassinados, violentados e despejados de suas terras. Deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar. É hora de se levantar e fazer a diferença! Morro por uma causa justa"
Carta Testamento - Pe. Josimo Tavares

terça-feira, 26 de março de 2013

O Trovador

Que trovador não tem o peito revolto e a voz insurgente?
A sombra do cativeiro não engole o orgulho gaucho
A opressão selvagem obriga a resistência intermitente
Para que a liberdade seja a voz de toda a gente

quarta-feira, 20 de março de 2013

'Minha Missão' (fragmentos)

"...
Canto para anunciar o dia
Canto para amenizar a noite
Canto pra denunciar o açoite
Canto também contra a tirania
Canto porque numa melodia
Acendo no coração do povo
A esperança de um mundo novo
E a luta para se viver em paz!
...

Quando eu canto, a morte me percorre
E eu solto um canto da garganta
Que a cigarra quando canta morre
E a madeira quando morre, canta!"

Paulo Cesar Pinheiro

domingo, 20 de janeiro de 2013

Valeu, João

Um militante fotografo, que tive o prazer de conhecer e encontrar em vários momentos. João Zinclar clicou a vida do povo trabalhador, as misérias, as festas, a resistência e a organização popular. Era artista. Fotografava a vida e as vidas. Através de sua arte contribuiu (e contribui) para todas as nossas lutas.

"João das lentes inteligentes
Que dos olhos fez os próprios instrumentos
E cultivou o belo esculturado
Escondido dos olhares comuns.
Extrativista na coleta de fatos
Escultor das tábuas da memória
Intruso entre os limites do esquecimento
E o momento em que a ação se faz história
...
Terá  agora a tarefa mais incrível
De fazer algo grandioso e mais bonito:
Com os olhos da sensibilidade
Viverá  por toda a eternidade
Nas fotos que fará  pelo infinito."
(trecho de 'Fotografo do Infinito' de Ademar Bogo)

A foto abaixo é uma das mais conhecidas e fortes do João. Ela revela a sensibilidade, a atenção, a capacidade que ele tinha de militar pela fotografia. Valeu, João. A luta continua e você está sempre PRESENTE!

Acampamento Nova Canudos