domingo, 21 de dezembro de 2014

MMXV

Depois de um ano pesado
de dores cortantes
de ranhos eternos
não peço muito
quero sorrisos de volta
e um vento leve na cara

Um amigo novo
Dois dedos de prosa
Três viagens inéditas
Quarto de vaca
Quinta de folga
Sextas-Feiras!

Mais coragem
Menos uns quilos
Meias rasgadas
Medos menores
Melhores ouvidos
Militância sã

Depois de perdas duras
Lágrimas sofridas
E tristezas acumuladas
Eu quero apenas mãos dadas
Beijos da amada
Noites impublicáveis

Dezembros e Janeiros
Festas de comemoração
Encontros desejados
Cantorias em roda
Paladar demandado
Eu quero 2015








quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Minha década de CPT - Lutar nunca é em vão

Completo neste dezembro 10 anos de CPT. Desde que ‘me entendo por gente’ eu tenho essa referência, primeiro pelas recordações da caminhada pela ótica de meu pai, que décadas antes esteve na luta da Diocese de da Pastoral da Terra, mas que a política e as opções afastaram antes da minha existência. Mesmo com um lapso temporal, minha família esteve ligada a CPT desde a sua fundação, em 1975.

Há uma década, porém, passei a militar efetivamente na CPT, em Itaberaí, pelas mãos da minha grande amiga Eleuza Ório. Com ela passei a acompanhar comunidades e assentamentos no município, como o Che, o Marighella, São Benedito, Cedro, Mumbuca, Tres Marias, Dom Fernando, e outros mais. Criamos uma equipe municipal, com Zalmy, Vilmar e Viviane. Desde então sou agente na Diocese de Goiás, onde a pastoral tem uma forte história. Dorvando, Célio, Maria Luiza, Ozania, George, Isaías, Altamiro, Carlinhos... são alguns dos companheiros mais próximos na diocese.

Depois fui para Goiânia e a CPT Regional me acolheu, e lá pude aprender, crescer, amadurecer muito, junto da Simone, Leila, Fábio, Adilson, Romerson, Baiano, Chiquinho, Vitorino, Walquíria, João, Luciana, Dirlene, Inês, Maria, Davi, Suagna, Moisés, Lindomar, Marta... são agentes da caminhada no estado.. Pude atuar no combate ao trabalho escravo, pela reforma agrária, pelo Cerrado, pela educação do campo, pela agricultura familiar e agroecologia... E ter o contato com a CPT Nacional, Isolete, Dirceu, Canuto, Sula, Elídia, Cris, Galego, Múria... e todos os regionais nas figuras fraternas de Luciano, Flávio, Geuza, Xavier... (as reticencias são porque tem mais gente)

Voltei a Diocese, agora no município de Goiás, e me sinto muito feliz em poder contribuir, mesmo com todos os defeitos e limitações, nessa terra de 23 assentamentos. Não pensem que me acomodo. Pelo contrário! Sempre firme, NA LUTA! Junto das trabalhadoras e trabalhadores como Maria Lúcia, Benvindo, Zé Maria, Fernando, Marieta, Marcia, Zezinho, Clarice, Terezinha e tantos outros...

Esta ‘marca’ é pessoal, mas aqui eu faço referência aos outros, que estão a mais ou menos tempo que eu na pastoral, mas que sem eles eu não percorreria esta estrada. As pessoas, as construções coletivas, nos fazem, nos editam. E justo por isso eu tenho que citar mais algumas pessoas. Aderson, irmão, na sua alegria, generosidade e amizade, me ensina demais, me dá oportunidades e quer sempre aprender comigo. Aguinel, irmão, que me dedica sua confiança, seu companheirismo, seu apreço, partilha ideias e realizações comigo. Dom Tomás, ‘pai véi’, uma inspiração, referência, que nos possibilitou tudo isso.

A CPT esta em mim, e sem posse, quero beber desta fonte sempre: na espiritualidade dos Mártires – Nativo, Margarida, Tião Rosa, Dorothy, Josimo... Na mística da Romaria da Terra, da Festa da Colheita, do Grito... Na caminhada cotidiana dos Movimentos Sociais, comunidades, acampamentos e assentamentos... nas canções como Migrante, Bandeira de Luta, Povo Novo, Mataram mais um irmão, Vamos denunciar, e outras tantas... Quero ser parte, ser presença solidária.


“Quero entoar um canto novo de alegria, e ao raiar daquele dia de chegada em nosso chão. Com meu povo celebrar a alvorada, nossa gente libertada. LUTAR NÃO FOI EM VÃO”