quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Uma homenagem a Dom Tomás no seu aniversário

TOMÁS, AWERE

Um velho Índio, do coração
de um Brasil em disputa,
saudou um espírito que 
protege seu povo, sua terra
Ele não fez pedidos
apenas reverenciou a luz
que passarinhava naquela noite
A noite é escura,
mas dela se vê o clarão de
um novo dia
O Índio não tem sossego
Seus territórios estão ameaçados
Ele sabe que as forças da morte 
querem sua essência, o chão do seu povo
Mas sabe que uma vida, 
unida a outras tantas,
enfrentou perigos nas tensas noites
pela vida dos povos da terra
E mesmo que o corpo se vá,
uma vida assim não cessa
Continua assoprando pistas
ajuntando irmãs e irmãos
ensinando a lida
pela libertação da gente
Tomás, Awere.

José Gomes Neto


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

26

Outra vez a esperança vem
como se fosse um vento leve na cara
e mais um dia que representa meu começo
e um projeto que não sei bem o que
e como está ou será

Não digo que tudo deu errado, mas
nem exito em dizer que de certo
só a vontade de acertar


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Passarinhos - Emicida


"
Será que o sol sai pra um voo, melhor
Eu vou esperar, talvez na primavera
O céu clareia e vem calor 
Vê só o que sobrou de nós e o que já era
...
E no meio disso tudo tamo tipo
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro

''


domingo, 27 de setembro de 2015

Amanhecer em cada um

Vamos cantar um novo começo
Onde caminhar é a vários pés
Onde as depressões individuais
Sucumbam diante do amor

Não é possível viver neste apartheid
Da oportunidades de viver bem
Só a justiça plena poderá salvar
Esta nossa espécie tão frágil e arrogante

O monólito da estrutura convencional
Que o mundo aprendeu chamar civilização
Se destrói numa autofagia onde quem sofre
Primeiro são os mais pobres

É preciso amanhecer em cada um
O sentimento coletivo do bem viver
E assim a esperança será a realidade
E sonhar será fazer, será ser.

Neto, 150.




domingo, 13 de setembro de 2015

Pra não dizer que não falei...

Caminhando, cantando e seguindo...
Canção de uma vida, de muitas vidas que se entrelaçaram, sofreram, resistiram e duraram

Mas as marcas são muitas, e duras.
As reações, as mudanças, as loucuras... Isso, como diz um amigo, é exercer a humanidade.

Não é a perfeição idealizada, muito menos a racionalidade cobrada
A obra está aí, nas escolas, nas ruas, campos e construções. 
E como diz aquela outra canção (preferida de meu pai) ' Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo Estava fora de lugar, eu vivo prá consertar '

Vandré 80 anos 


Pra não dizer que não falei das flores, meu hino nacional


Disparada - a música preferida do meu pai. (aproveito para homenagear o saudoso Jair Rodrigues)

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Transgredir


Atravessar a cerca que limita
Libertar
Ultrapassar os parâmetros que amedrontam
E viver
Nada é mais corajosamente necessário
Que transgredir

.


domingo, 21 de junho de 2015

Coisas da Vida



"Depois que eu envelhecer, ninguém precisa mais de dizer como é estranho ser humano nessas horas de partida"

sábado, 16 de maio de 2015


Com a altura da idade a casa se acrescenta. 
Não é que aumente a quantidade ao espaço. 
Mas, sendo mais longínquos, o desapego pensa 
maior distância quando se fica a olhá-lo. 
Ou, se quiserem, uma realeza 
se instala à volta dessa altura de anos, 
de forma a que os objectos apareçam 
na luz de quase já nem os amarmos. 
Então a casa distende-se na intensa 
inteligência de estarmos 
a ver as coisas amarem-se a si mesmas. 
Ou com a forma a difundir seu espaço. 


Echevarría

terça-feira, 5 de maio de 2015

Vascão Campeão - O Título veio pelo rádio

O Campeonato Carioca não serve de parâmetro para o resto da temporada do futebol no Brasil, e nenhum outro estadual também. Mas existe a rivalidade local, que no Rio - assim como São Paulo e outros estados - é forte pela história e grandeza dos principais clubes. Daí a emoção de ganhar o estadual, de contabilizar títulos e marcas locais.

Este Carioca 2015 trouxe ao Vasco outra vez o gosto de ser campeão. E depois de 12 anos de fila, recheada de erros de arbitragem, como na final do ano passado.

Mas o fim do jejum para mim teve um tom dramático, e inesquecível: assisti o primeiro tempo de Vasco x Botafogo na casa dos pais, em Itaberaí. 1 a 0 pro Vascão - gol de Rafael Silva. Por causa de um compromisso inadiável, tive que vir para Goiás, e saí no começo do segundo tempo. Vim de carona com um casal e sua filhinha (só eu de vascaíno). No carro fomos ouvindo pelo rádio os jogos transmitidos.

Até que achamos o jogo do Vasco, numa emissora que nem sei e com qualidade péssima. No começo estava tudo bem, pois tínhamos boa vantagem. De vez em quando a emissora saía do ar e então mudávamos para o jogo entre Goiás e Aparecidense pelo Goianão. Numa dessas o Botafogo empatou, e quando voltamos ao jogo do Rio o clima estava diferente (outro gol alvinegro levaria para os pênaltis), me preocupei e comecei a demostrar aquele nervosismo de torcedor apaixonado. A garotinha de um ano e pouco - Valentina - se divertia com minhas reações, e ria muito, sem saber o que estava se passando. Esta tensão, agravada pela péssima frequência do rádio que não me deixava entender direito o que acontecia na partida, durou até chegarmos dentro da cidade de Goiás, já perto da minha casa.

Aos 47 minutos da etapa final, o rádio saiu do ar por um instante, e voltou com um sonoro grito de gol, bem assim: GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL... Mas, de quem?
O locutor esbanjou a voz no grito derradeiro, mas dentro do carro o silêncio era unânime. O motorista, Danilo, parou o carro, eu abaixei a cabeça, a Valentina ficou quietinha, e foram segundos longos como o grito que ouvíamos...

Aí a voz disse: DO VASCOOOOOOOOO.

Gilberto fechou a conta e selou o título. Alegria total!! Sai do carro correndo, gritando e comemorando o título cruzmaltino!! Que loucura passar por isso, que felicidade depois do gol!!

Essa eu não esquecerei. E tomara que o Vasco não esqueça mais o caminho dos títulos





domingo, 3 de maio de 2015

Tomás é semente plantada
Hoje ressuscitada
Na luta, no pão
Tomás é canção ecoada
Por filhos da terra
No ventre do chão.



sexta-feira, 24 de abril de 2015

Simplicidade

'Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria


Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade

Melhor o nascer do dia'



domingo, 22 de março de 2015

Mário Lago com os pés no chão e o os olhos no infinito

Recomeçar ainda que partido;
Refazer o horizonte a cada passo;
Buscar razões no que perdeu sentido;
Mover-me sempre, embora o pouco espaço;
Compreender todas as vozes mudas,
Perdido entre o não dito e o não pensado;
Procurar no vazio alguma ajuda;
Repisar mil caminhos já pisados;
Falar sem nunca ter ouvido um grito
De aplauso, de protesto ou xingamento;
Pensar que era de céu o chão de lodo;
Os pés na terra, os olhos no infinito.
Sonhando estar lá longe o meu momento...
Minha vida foi isso o tempo todo
Mário Lago


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Canto para que te lembres

Se tu queres que eu não chore mais
Diga ao tempo que não passe mais
Chora o tempo o mesmo pranto meu
Ele e eu, tanto
Que só para não te entristecer
Que fazer? canto
Canto para que te lembres
Quando eu me for

Trecho de Além do Amor - Vinicius de Moraes





segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Emicida e O Samba do Fim do Mundo

'Nova Tropicália, velha ditadura
Nossa represália, fuga da vida dura
Ação necessária por nossa bandeira
Que isso é a reforma agrária da música brasileira


Quantas noites cortei
É importante dizer
Que é preciso amar, é preciso lutar
E resistir até morrer
Quanta dor cabe num peito
Ou numa vida só
É preciso não ter medo
É preciso ser maior'


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Romero, Martir

Há décadas atrás a Sé Católica questionava Pedro Casaldáliga - dentre outras coisas - sobre alçar dom Romero a categoria de Mártir. Agora, em 2015, o Vaticano reconhece oficialmente o bispo salvadorenho, morto em 24 de março de 1980 pelos esquadrões da morte orientados pelo capital, como Mártir da igreja. Alguns companheiros da CPT já demonstram certo receio de que esta "institucionalização" possa descaracterizar a história de Romero. Eu acredito que estes 35 anos consolidaram a memória deste homem, que se converteu à luta dos pobres da América Latina, e é referencia no serviço pastoral, no testemunho de fé e na ação contundente em favor da justiça.

Romero já era considerado mártir pelo povo católico da America Latina desde 80, logo após sua morte. A ala progressista do catolicismo se encarregou de levantar a bandeira de Romero, e em todo continente seu martírio foi aceito. Aí a atuação de dom Pedro Casaldáliga foi importante. Em São Félix a espiritualidade do martírio ganhou corpo e Romero se tornou figura central, junto dos padres, freiras e camponeses mortos nos conflitos diversos. Este novo martírio, dos tempos atuais, incomodou a Igreja oficial, que é avessa a manifestações populares paralelas a doutrina da instituição. Mas assim como outras tantas expressões religiosas incorporadas, a Igreja reconhece - pelos tramites legais - o martírio militante de Romero, em favor não apenas da própria igreja, mas do mundo, das pessoas do mundo. É um exercício fiel a Cristo.

Mártires católicos são pessoas que morreram ao professar e trabalhar pela fé cristã, em lugares de conflitos religiosos. No princípio do catolicismo, os cristãos eram muito perseguidos, e muitos morreram defendendo o novo caminho. Depois, os conflitos foram ao resto do mundo, onde a Igreja ainda era minoria. Ja nos anos 70 e 80, o catolicismo era hegemônico, a religião cristã 'dominava' o mundo ocidental. A Igreja era aliada dos impérios modernos, das ditaduras civis-militares financiadas pelos EUA. Romero e outros mártires latinos não interessavam.

Hoje porém. sob o comando do argentino Francisco, o Vaticano muda sua postura em relação a Romero, e abre caminho para novo fortalecimento da espiritualidade do martírio popular e militante das causas dos pobres.

Romero das Américas, PRESENTE!