Entre todas as histórias e
sentimentos, existe uma que me acompanha há quase uma década, tendo como
cenário a Vila boa de Goiás. Eu sempre quis estar perto, fazer parte e ser
parte. E aos poucos fui chegando, do meu jeito.
Muitas coisas em comum, muitos
sonhos, muitas risadas. Aquelas músicas, aquele time. Aniversário. Férias. Semana
Santa. FICA. Novembro. Dezembro. Feriado que fosse, lá estava eu, la estava
ela. E fomos construindo uma carinhosa e intensa amizade. A juventude permite.
Mas eu fui chegando, e por caminhos
que se encontraram com outros caminhos. Teve paixão que cruzou. Teve namoro que
atravessou. Muitas histórias e sentimentos. Isso tudo faz a gente crescer,
amadurecer, seguir um rumo e ficar mais duro, perdendo um pouco daquilo que a
juventude emergiu. As cicatrizes ficam.
Cheguei o mais perto que pude, mas
quanto mais perto, mais distante. Numa relação em que cada um se fechou com os
seus – problemas, amores, sonhos, estilos. E uma sensação estranha ficou
pairando como neblina densa. Não nos permite ver, se aproximar, e se curtir.
Soube de algo: um bilhete guardado,
um choro, uma conversa. Fatos que indicariam uma chama ainda acesa, uma alegria
resistente esquentando aquela relação. Mas os dias trataram de me esfriar.
Dói estar assim com quem se queria
viver na cumplicidade e na felicidade. Eu sei das minhas coisas. Sei muito bem
que os caminhos que escolhi deram o tom para esta situação. Sei das coisas
delas – um pouco – e sei que os passos dados a fizeram um pouco diferente. Sei
sobretudo que ela se viu surpresa e desentendida com meus atos. Meus atos não foram
maus, não foram errados, mas desequilibraram aquela história.
E hoje, quando eu sei que ficarei
longe, pelas nossas partidas, duas sensações me interrogam, adversas: ela
ficará mais perto, estando eu distante, e retomaremos aquele tempo? Ou é este o
rompimento, tácito e definitivo, de algo que já se esmaeceu? Meu triste
pensamento apenas alfineta: ela não pensa nisso.
“O que você está fazendo? Porque está fazendo assim?”
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